quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Garimpagem gourmand na África do Sul


Estive na África do Sul em abril de 2009 para visitar algumas vinícolas e o projeto Slow Food Markets. Já no aeroporto fui recebido por Andrew Adrian, presidente do movimento Slow Food no país. Ele me levou para almoçar com 16 personalidades do mundo vinícola sul africano. O grupo forma a confraria de degustação de vinhos mais antiga de todo o continente. Desde 1976, eles se encontram toda semana para degustar sabores e aromas locais.


À noite, nos encontramos novamente, mas dessa vez na companhia de Ana Prossimi - responsável pela renomada Accademia della Cucina Italiana na África -, e de Juan Antonio Obregon, cônsul geral da Espanha. Ele é um grande entusiasta de produtos de origem e da alta da gastronomia na cidade de Johannesburgo. A garimpagem gourmand trouxe agradáveis surpresas como o mercado secreto do Slow Food, em Stellenbosch; a origem das uvas nacionais chamadas de Pinotage; e a carne seca temperada com cominho, coentro e vinagre do vinho local, conhecida com Biltong. Além de algunas das mais importantes e premiadas vinícolas da região como a Morgenster, que ganhou cinco estrelas no guia John Platter Wine Guide 2009.


Começo a compartilhar a experiência do Stellenbosch Fresh Food Market, o novo e secreto mercado do Slow Food. Em 2006, a médica sul africana Gail Black e Paula Kennedy inauguraram o primeiro mercado de produtos de origem da África do Sul, localizado na cidade de Stellenbosch. Após visitar e reunir produtores locais em grupos de discussão, Gail e Paula conseguiram apoio do projeto Slow Food Markets. A iniciativa reúne matérias primas frescas trazidas de diversas áreas das redondezas de Stellenbosch.


Pequenos artesãos, que ainda cultivam grãos, frutas, verduras e matérias-primas naturais, orgânicas (e convencionais também); e pastores com seus deliciosos queijos levam para o centro da cidade o melhor da produção, exposta em um velho e enorme celeiro. O mercado acontece aos sábados e também abriga padeiros com seus pães e doces, peixeiros que oferecem ostras frescas para degustação, além de muitos sabores e aromas de flores recém colhidas.


No dia em que visitei o Stellenbosch Fresh Food Market estava bastante movimentado. A maioria das pessoas era branca por causa da colonização de ingleses, italianos e franceses. Esta é a segunda colônia européia mais antiga da África do Sul. Outro fator é que na área de Stellenbosch as uvas são protagonistas. Stellenbosch é a principal localização para produção da indústria vinícola sul-africana. A rota foi estabelecida desde 1971 e tem fama internacional.

Esta é a primeira experiência da viagem à África do Sul. Falarei de mais dois temas nas próximas semanas: “A origem das uvas nacionais” e “Pinotage”.
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Paulo A Lima é gastrônomo profissional, carioca e um dos diretores do projeto LA Organic, em Madrid

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